A sensação que tenho é que cada dia mais há menos pessoas dispostas a ouvir, a dividir e a se colocar no lugar do outro. Tanto se fala na importância das lutas coletivas, no reconhecimento do outro como essencial interlocutor para construção de nossa própria identidade, tanto se repete regularmente o ditado “A união faz a força” … No entanto, por vezes é possível notar que o individualismo cresce e as expressões “primeiro eu” e/ou “primeiro o meu” vão ganhando cada vez mais espaço em nosso dia a dia.
Por onde anda nossa capacidade de nos colocarmos “no lugar do outro”? Será que estamos tão anestesiados com noticiários trágicos, experiências frustradas, histórias mal sucedidas que estamos optando por nos fechar em “nosso mundinho particular”? Teríamos desenvolvido uma espécie de “termômetro” para a dor do outro e nos damos o direito de avaliar, medir e classificar tal vivência como merecedora ou não de nossa compaixão? Quem nos deu esse direito? A quem compete tal juízo?
Se pararmos alguns instantes para uma breve reflexão, somos capazes de listarmos a última vez que paramos para ouvirmos o outro com atenção e verdadeira empatia? Passaremos a vida escolhendo e selecionando quem merece nossa verdadeira atenção? E nosso amor? O amor merece mesmo ser ofertado seletivamente?
Em tempos de muita discórdia, muitas desavenças, fervorosas críticas e ataques, não compete a cada um de nós uma auto análise e uma necessária decisão de abrirmos mais nossos ouvidos e nossos corações para o mundo? Na teoria, até acho que a gente consegue responder bem às questões de alteridade, mas na prática… Ah! Na prática, ainda temos muito a evoluir. Digo isso porque considero que sempre podemos fazer mais pelo outro. No fundo, a gente nem se dá conta do quanto podemos ser bons uns para com os outros. E essa bondade não se resume a caridade. Podemos ser tronco para muitas árvores e galhos, ser sorriso na face de quem há tempos não sabe o que é alegria, ser aperto de mão e abraço forte de quem não recebe um toque há muito tempo. Podemos ser escuta preciosa para quem precisa dar voz aos seus sentimentos. E tudo isso pode ser tão valioso. Ah! Tão valioso… No entanto, a gente vem perdendo aos poucos a dimensão do fazer o bem sem olhar a quem. A seletividade vem orientando nossos comportamentos. E isso sim é uma tragédia. Esse silenciamento de nossos corações e, consequentemente de nossas ações, pode ser tão catastrófico quanto as palavras de agressão, às violências físicas, o egoísmo …
Não acho que a gente seja 99% individualista. Não mesmo! Aliás, tem muito mais bondade dentro da gente do que a gente realmente conheça ou reconheça. O que, talvez, a gente precise seja abrir mais nossos ouvidos e nossos corações para abraçar com muito carinho as pessoas maravilhosamente incríveis que Deus coloca em nossos caminhos. O que, talvez, a gente precise é lembrar que merecemos e precisamos de amor e acolhimento. Pessoas não precisam ser classificadas por números, por carteiras de identidades, por conta bancária, por protocolos, por coisas que não são inerentes a nós mesmos – coisas que são atribuídas a nós depois que estamos no mundo. Gente precisa é de afeto, de respeito, de carinho e abraço acolhedor. Porque não há ser humano no mundo que não seja capaz de, ao menos uma vez na vida, admitir que daria qualquer coisa por um abraço sincero e um colo acolhedor. Na verdade, acho que bem mais que uma vez na vida.
Imaginar a dor do outro, o sofrimento alheio, pode ser um exercício inicial. Mesmo que, nem de longe venhamos a saber o que realmente se passa no coração e nos pensamentos das pessoas, “baixar a guarda” e permitir que as pessoas se aproximem de nós e que nos coloquemos no lugar do outro, pode ser uma boa maneira de tentar experimentarmos o que denominaram como altruísmo. No dicionário Aurélio, a definição para altruísmo é: “sentimento de quem põe o interesse alheio acima do seu próprio”. Quantos de nós conseguem ser altruístas? Em que condições?
Penso que o olhar amoroso, a alegria do encontro, a surpresa de conhecer um pouco a realidade do outro e as diversas manifestações de afeto sem pré-julgamentos, sem seletividade – podem ser a porta de entrada para um mundo menos rígido, menos frio e menos individualista. Um mundo onde a escuta seja realmente valorizada. Precisamos aprender a ouvir mais. Isso certamente fará de nós seres mais humanos.
Sigamos na paz e no acolhimento. Sempre. Respeitando aquilo que é chamado de “diferença”. Porque no fundo, sigo a premissa que somos todos iguais. E se somos iguais, merecemos tratar o outro e merecemos ser tratados da mesma maneira: com amor.
Izamara Bastos Machado
Moradora de Niterói/RJ, jornalista formada há quase 20 anos, pesquisadora em formação, aluna de doutorado no curso de Comunicação e Cultura (UFRJ), casada, apaixonada por crianças – não tenho filhos mas tenho vários afilhados que amo de paixão. Também muito apaixonada por cães – tenho uma labradora linda chamada Mina FuraCÃO. Sou romântica, amo fotografar, dançar e me encanto sempre com o pôr do sol. Acredito que cada dia é uma nova chance de aprendermos algo novo e que um sorriso faz muita diferença na vida da gente.
Muito bom!! O ajuste que falta na sociedade atual é a empatia! Se colocar no lugar do outro… Mas pra isso é preciso saber ouvir! É isso!! 👏👏👏👏
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Sigamos juntas nessa missão, Roberta! Obrigada pelo seu retorno! BJs, Izamara Bastos
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Muito bom! Exatamente o que falta pra gente. Parabéns pra Izamara, que soube se comunicar com exatidão, abordando um tema tão importante. Saber ouvir o outro, quando se quer falar, é uma grande lição de altruísmo.
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Solange, trata-se de um execício que precisamos fazer diariamente. Vamos juntas nessa corrente. Obrigada pela sua “escuta”! bjs, Izamara
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Perfeito Iza, super concordo com vc!!!
Parabéns pelo texto lindo, e sincero!!!
👏👏👏
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AHHH!!! QUE BOM QUE GOSTOU ANA! E MUITO OBRIGADA PELA SUA “ESCUTA” ! BJS, IZAMARA
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Ótima escolha de um tema tão enfraquecido pela sociedade. É preciso exercitar hj todos esses valores tão importantes se quisermos ter um amanhã melhor. Parabéns, sábias palavras, Izamara Bastos.
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Verdade Ale! Precisamo exercitar diariamente no hoje para termos um futuro com mais empatia e amor! Beijos grandes e obrigada pela sua “escuta” preciosa! Iza
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Adorei o texto!
Tem 2 anos que fiz um treinamento de PNL, onde lá se pratica muito esse afeto, palavras e carinhos de reconhecimentos, trocas de experiências sem julgamentos, sem status.
Volto sempre lá, para trocar isso tudo e abraços (de verdade). Pois aqui o mundo parece que está todo mundo com pressa e não dão esse tempinho para abraçar uma pessoa de verdade, uma palavra amiga, etc etc
A verdade é que todo mundo parece está sempre com pressa… sempre correndo que nem se ouve, quanto mais ao próximo.
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Que bom que temos pessoas, assim como vc, dispostas não só a escutar mas especialmente a entender o outro. AOS POUQUINHOS VAMOS TENTANDO ADOCICAR O MUNDO, CRIS! Grande beijo e obrigada pela escuta! Bjks, Izamara
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Excelente texto…esquecemos o quanto é importante ouvir, compartilhar sem esperar nada em troca, algo tão simples, que nos faz melhor. ..que possamos refletir e saber aproveitar cada momento com menos “ego” e mais amor…assim quem sabe possamos ser melhores… Parabéns, Iza, pelo olhar!
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VC tem razão Patricia, precisamos valorizar a escuta e o acolhimento. Mais amor e menos individualismo. Obrigada pela sua escuta preciosa. Bjs, Izamara
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Como sempre, você nos premiou com uma reflexão do que somos e onde chegamos.
Infelizmente, parece que o individualismo foi a forma que a sociedade encontrou para tentar se proteger da violência que nos é tão rotineira. O medo é sentimento que nos persegue e por isso, em minha visão, não conseguimos responder grande parte de suas perguntas (pelo menos aqueles que adquiriram pânico de tudo).
Sigp na esperança de que seu último parágrafo se torne real.
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Flávia, também sigo nessa expectativa…e fico feliz em poder contar com sua escuta e espero que juntas possamos ir plantando mais amor, doçura e respeito neste mundão. GRANDE BEIJO E FICO MUITO FELIZ QUE TENHA GOSTADO DA PROPOSTA DE REFLEXÃO.Bjs, Izamara
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Texto maravilhoso, sensível e profundo, excelente para uma reflexão sincera de como temos agido com as pessoas no nosso dia a dia!! Só poderia vir de alguém com inteligência, sensibilidade e com um sorriso lindo e verdadeiro!!! Parabéns Izamara Bastos!!!
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repleta de gratidão por sua escuta e carinho , Iris! Que alegria ter vc como interlocutora. Que juntas, mesmo que distantes, possamos semear a empatia, o afeto e o respeito. Obrigada pelo seu precioso retorno. Grande beijo.Izamara
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Izamara , tudo muito bem colocado . Talvez esse texto seja tudo que muitos pensam e desejariam fazer , mas por algum motivo , sabe se la , pela correria egoismo egocentrismo e bla bla bla de tantas mil desculpas colocamos a culpa na nossa falta de tempo . Ninguem tem tempo p ninguem , mas todos arrumamos tempo qdo temos q retrucar nas redes sociais , temos tempo p um milhao de coisas que são somente de nosso interesse. Acorda gente , ainda somos bons o suficiente p espalhar amor e generosidade. Beijao Iza vc é um sucesso !
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Nossa Taís, que alegria receber esse seu retorno. Vc tem razão: temos que abrir espaço em nossas agendas e em nossos corações para o bem, para o respeito ao próximo, para o carinho, para a valorização da vida! Amor e generosidade só fazem o bem. Um enorme beijo pra ti e desejo o melhor à vc!
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Belo texto Izamara. Pena que muitos lêem, concordam, compartilham mas não praticam. É uma boa hora para refletir. Beijo.
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Magda, agradeço imensamente sua escuta e seu retorno! Fico feliz que o texto tenha lhe convidado a uma conversa e vamos juntas, no dia a dia, buscando a prática do bem. Um beijo grande e muito obrigada pela atenção e carinho. Izamara
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Muito bom o texto! Se cada ser humano pensasse assim pelo menos por um dia, teríamos um mundo melhor!
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Mas tenho certeza que não estou sozinha nessa, não é mesmo, Xuxu?! E é isso que nos move. Vamos juntas espalhando a doçura, o carinho, a empatia e a solidariedade. Obrigada pela escuta e carinho. Beijos,Izamara
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Nossa! Izamara, seu texto é lindo. Um alerta para observar nossas atitudes. Um chamado de forma doce e clara. Nos remete ao ensinamento básico de amar ao próximo como a nós mesmos. Quando ouvimos o outro sempre há um aprendizado, sempre fica um pouco do outro em nós, mas na ostra não aprendemos nada. Esse texto é pra ser lido e relido sempre.
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Fico muito feliz que tenha gostado da reflexão proposta, Pati! Tenho a certeza que vc é um exemplo de generosidade, doçura e alegria que me inspiram! Obrigada pela escuta e retorno. Estarei sempre à disposição! Com carinho, um beijo afetuoso, Izamara
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Olá,
Parabéns pelos seu artigo, mas quero deixar meu registro gentilmente:
Faço trabalho missionário, peregrinando nas casas das pessoas, rezando o terço e falando do amor verdadeiro de Jesus e Maria, além de ler a Palavra Sagrada, e bem naturalmente, animo e deixo uma “fresta” para as pessoas convidadas falarem um pouco dos seus sofrimentos e também das suas alegrias.
Desde muito cedo, qualquer pessoa que me via, seja onde for, na fila, no banco, no ônibus, no consultório médico, etc., tinham vontade de me falarem algo. Algumas juravam que me conheciam, mas não estavam lembradas de onde,
até na fila da confissão, as pessoas não se aguentavam e de repente, lá estavam me confessando seus pecados.
O tempo foi passando, fiz uma experiência de conversão plena, morei em outro País e retornando, descobri um valioso tesouro que já estavam em minhas mãos: o da Escuta.
Sempre será um tesouro, porque a humanidade decide não escutar.
Não há culpa no tempo, disso ou daquilo. É simples. Escutar é libertação e cura para quem fala e aprendizado para quem escuta e assim caminha a evolução espiritual da humanidade.
Essa é a forma que encontrei de praticar meu Dom: o de Escutar, seja onde e como for.
Esta prática me deixa completamente realizada naquele momento e uma alegria que custa a passar em meu coração.
É por isso que é um Dom!!…
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Que relato maravilhoso Jo Rosas!
Fico muito emocionada e feliz em conhecer sua história e agradeço muito por conpartilha-la conosco.
Parabéns por sua grandiosa contribuição ao mundo. Deus a abençoe hoje e sempre!
Forte Abraço,
Izamara
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Belo texto! Extremamente reflexivo!
Tenho um pensamento muito próprio quanto ao tema: não, não escutamos! Por “n” motivos… mas, o mais importante, é que ouvimos apenas para responder, afinal, onque EU penso, o que Eu acho é o que importa.
Mas concordo com a saída: amor! Dar e receber!
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Sempre AMOR, querida Jorgeane.
Não deixe que o matem, pelo AMOR de Deus!!!…
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Amor sempre!😘
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Iza querida, bem vinda ao nosso Muitas Marias!
Espero que este seja o primeiro de muitos outros compartilhamentos de seu ponto de vista que ajudem a povoar as redes sociais com mais afetos e mais verdade.
Um abraço e paz
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Querida Mari,
Foi um prazer colaborar e agradeço muito ao Muitas Marias pela oportunidade.
Desejo à vcs muito sucesso e estarei sempre por aqui para “escutas preciosas”.
Forte Abraço em toda equipe
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