Para ser um excelente religioso ou padre, o cara tem que ser feio, esquisitinho, e andar bem maltrapilho, recluso do mundo? Será que Deus só chama para a vocação sacerdotal quem é bastante brega e aquele pessoal desfavorecido e bem fora de algum padrão de beleza?
Essas são algumas perguntas que faço quando comentam comigo sobre os belos padres e pastores que, na atualidade, o povo elevou ao status de celebridade. Não raras vezes, as pessoas julgam os salários, o tipo de roupa que eles usam e até consideram um sacrilégio suas atitudes, já que vira e mexe estão rodeados de artistas ou em eventos com gente bonita e rica ( apenas para comentar os ‘disse-que- me- disse’ mais leves dos quais me recordo).
Esses comentários estão também, em maior medida, nas redes sociais. Já li que esses religiosos com ótima aparência fazem o povo “pecar” pois são muito bonitos, com muitas poses para as fotos e portanto, segundo essas almas pretensiosamente iluminadas, estariam nas mídias se desviando de seu papel.
Tenho tristeza ao ler e ouvir esse tipo de comentário, que objetifica quem tem uma vocação religiosa, pois a crítica curiosamente vem, muitas vezes, de quem defende a emancipação da mulher e os direitos das pessoas. Gente que luta para que não sejamos vistas apenas como objeto de decoração, que não sejamos reconhecidas e notadas apenas por nossa beleza. Os comentários são recheados de desrespeito para com a dignidade humana, e curiosamente saem da boca de quem luta pela igualdade, pelo respeito ao corpo de cada um, gente que trata um padre ou um religioso com o mesmo desrespeito que tanto rechaça.
As manifestações de desrespeito ao celibato e o assédio das mulheres virou senso comum em várias rodinhas (como eu já disse, em boa parte delas, com mulheres que militam contra a violência e o assédio).
O seu direito de dizer o que quiser não é maior que o direito que cada pessoa tem em ter sua dignidade respeitada.
Como mulher, como católica, como alguém que trabalha com o tema das mulheres e suas lutas, lamento pela falta de integridade com que parte das cabeças medíocres fala dos religiosos .
Particularmente, gosto de ver que há sacerdotes, pastores e outros religiosos e religiosas apresentando a sua crença de uma maneira leve, sem perder a essência de que uma religião cristã é também cruz. Eles trazem a mensagem transformadora de Jesus Cristo para as redes sociais, para a tv aberta, e pescam fora do aquário, trazendo gente para Deus, apresentando uma proposta de mudança de vida a quem muitas vezes nem quer saber de qualquer religiosidade. De maneira realista e palpável, humanista, usam seu dom de comunicar para chegar até a quem nunca foi batizado!
É muita mesquinhez reduzir a potência de sua missão à roupa ou cabelo que alguém usa.
Tem que concordar com tudo? Não.
Respeitar? Sempre.
A sociedade que tanto prega o respeito às diferenças adora massacrar e julgar o diferente. Ou melhor, categoriza que tipo de diferença se deve respeitar, e que tipo a gente pretensiosamente passa por cima mesmo e faz chacota, demoniza ou tenta destruir.
Será que quem tanto critica os religiosos que estão nas mídias, já falou uma palavra boa ou fez algo relevante pra mudar e melhorar a vida de quem está aí do lado?
Se o ditado diz que quem chega por último é mulher do padre, o que deve chegar primeiro, nesse caso e em todos os outros quando se pretende falar do que não se conhece, é o bom senso.
INCRÍVEL esse texto. Concordo em gênero, número e grau.
Rótulos foram feitos para produtos, e não para pessoas, ora essa!
Uma vez li uma frase que adorei “Tire seus padrões do meu corpo”…
É bem clichê, eu sei, mas a vida é uma só e nela podemos ser o que quisermos!
Demais Mari…parabéns! Bjos
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Muito bem observado!
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